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Pequena Notável

  • Foto do escritor: Larissa Alves
    Larissa Alves
  • 10 de mai. de 2017
  • 4 min de leitura

Atualizado: 3 de out. de 2018

Rebeca Andrade, estrela da ginástica olímpica brasileira descobriu seu talento em ginásio de Guarulhos


Por: Larissa Alves e Amanda Sampaio

Ginasta, Rebeca Andrade, na abertura das Olimpíadas Colegiais de Guarulhos

Com apenas 17 anos de idade, a guarulhense Rebeca já carrega uma bagagem de 13 anos de carreira, que só foram possíveis graças ao Ginásio Bonifácio Cardoso, situado na região central de Guarulhos, que hoje é o ponto de partida de pelo menos 400 crianças, entre 5 e 15 anos, que desejam se tornar ginastas profissionais. Por meio de iniciativa da prefeitura da cidade o ginásio oferece, há mais de vinte anos, treinos de ginástica artística gratuitos.


“Começar a minha carreira no Bonifácio foi muito bom, porque na minha época o ginásio tinha aparelhos ótimos e a base dos profissionais que trabalhavam lá também foi muito boa. Pra mim, ele tem potencial para ser um dos melhores do Brasil”. Apesar de todas as dificuldades e lesões enfrentadas pela ginasta, ela hoje ocupa a 11º posição no ranking das melhores ginastas do mundo. De tudo isso, a gratidão. “Eu agradeço muito por minha tia ter me levado pra treinar, por eles [treinadores] terem gostado de mim, por eu ter tido uma boa base e por agora eu estar aqui [risos]... Atleta olímpica!”, diz a atleta.


Pequena só no tamanho, Rebeca Andrade venceu diversas competições pela cidade de Guarulhos antes de conquistar sua vaga na Seleção Brasileira, o que rendeu vários troféus ao ginásio. No entanto, nem tudo foi tão simples quanto possa parecer. “Logo no começo foi bem difícil, porque minha mãe não tinha condições pra que eu estivesse no ginásio todos os dias, então ela deixava de ir para o trabalho com o dinheiro da condução que ela ganhava para que eu pudesse ir treinar com o meu irmão”, conta a atleta, que apresentou movimento inédito em seu solo durante a Olimpíada, o tsukahara com dupla e meia pirueta.


Rebeca foi acolhida no Bonifácio Cardoso desde que chegou, ainda pequena, sem precisar arcar com nenhum recurso como equipamentos ou custo com os profissionais e até hoje as crianças que treinam no ginásio não precisam pagar nenhum tipo de mensalidade para participar dos treinos, desde a escolinha de ginástica para a molecada até as equipes oficiais. Não existe nenhum tipo de ajuda de custo individual para os atletas com transporte ou alimentação, mas as inscrições para competições, equipamentos e o salário dos treinadores são subsidiados pela prefeitura do município.


A iniciativa da prefeitura de Guarulhos já mudou muitas vidas, como a da ex-atleta e treinadora do ginásio Mônica dos Anjos, que teve seu sonho interrompido devido a uma lesão que a impediu de continuar sua carreira como atleta. Mas foi aí que ela recebeu a proposta de se juntar à equipe de treinadores do ginásio Bonifácio Cardoso, onde já trabalha há vinte anos. “Guarulhos me deu tudo, me deu faculdade e tudo o que eu sou na arbitragem hoje foi graças a Guarulhos”, conta. Esses longos anos lhe renderam diversas oportunidades, como a de fazer parte da trajetória da ginasta Rebeca Andrade. “A Rebeca começou aqui comigo em 2005, quando tinha 6 anos. Em 2006, a Kelly, que é a atual treinadora dela, foi contratada pra trabalhar aqui no Bonifácio e só depois de um bom tempo treinando e competindo por Guarulhos é que ela [Rebeca] foi pra Curitiba, e só depois para o Flamengo, onde ela treina até hoje”.


A história da atleta Rebeca Andrade inspira o esporte na cidade e, como forma de reconhecimento, a prefeitura de Guarulhos convidou Rebeca para acender a pira olímpica da 46ª Olimpíada Colegial da cidade. “É muito importante que todas as pessoas reconheçam o nosso trabalho e saibam como é difícil e como é cansativo, assim como qualquer outro trabalho, e eu fiquei muito feliz de Guarulhos inteiro reconhecer isso e eu ser uma das atletas a carregar a tocha deles”, conta a ginasta.


PAIXÃO QUE ATRAVESSA GERAÇÕES


Henrique e Igor, de 11 e 10 anos, respectivamente, também treinam no Ginásio Bonifácio Cardoso desde muito cedo e se dizem inspirados pela irmã Rebeca Andrade. “Nosso maior sonho é participar de uma Olimpíada, igual a Rebeca”, contam. Os treinadores garantem que os treinos não atrapalham no desempenho escolar dos meninos. “Às vezes, os pais vêm falar comigo e alguns trazem os boletins. Nós pegamos um pouquinho no pé deles, sempre falamos que não é só fazer ginástica, eles têm que estudar e ser inteligentes também”, afirma Mônica.


Entre gargalhadas e brilho nos olhos, não é possível ter dimensão do quanto essas crianças treinam duro em busca de seus objetivos – as da categoria de base, por exemplo, treinam de dois a três dias na semana, já as equipes oficiais chegam a treinar pelo menos seis vezes por semana, inclusive em feriados.


Semblante de criança, determinação de gente grande – a ginástica exige, desde cedo, uma maturidade incomum para tão pouca idade, ainda assim, a procura pela modalidade tem crescido cada vez mais no Brasil, principalmente após o show dado pela equipe brasileira na Olimpíada Rio 2016. “Por causa das Olimpíadas, teve muita gente na lista de espera”, conta Mônica, que também atuou como árbitra no evento, sobre as seletivas feitas todo o semestre. “Aqui ninguém é pago para treinar, os que apostam no esporte são verdadeiros apaixonados pela modalidade e dão o sangue treino após treino, apenas pelo prazer e pelo sonho de um dia se tornar campeão”.

 
 
 

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